Quando o silêncio não mais proporciona calma...
Após
enterrar o seu falecido avô em um jardim florido, um jovem andrógeno
chamado Seto vaga no silêncio do mundo pós-apocalíptico acompanhado
pela claridade da Lua como sua guia em uma cidade sem luz, sem movimento
e habitantes. Mas Seto não está sozinho. A quietude perturbadora que
permeia sobre todos os ambientes esconde forças extraterrenas atrás do
desaparecimento de toda a população.
O
início interativo que aparenta ser um tutorial é apenas uma
desculpa para introduzir as belíssimas cenas de abertura de FRAGILE DREAMS: Farewell Ruins of the Moon – um dos jogos mais bonitos e emotivos do console de natureza diferente da Nintendo. E um dos mais tristes também...
Destaque
para a música intitulada “Hikari”, que narra a abertura feita em
animação, cantada pela artista do gênero J-POP “Aoi Teshima”. Coração de
pedra daquele que não se emocionar com a canção.
Lançado
no dia 16 de Março de 2010 nos EUA (com mais de um ano de atraso em
relação a versão japonesa), FRAGILE DREAMS: Farewell Ruins of the Moon é um sinistro jogo híbrido de
RPG com elementos de ação, exploração linear e controles simples.
A
exploração começa quando Seto avista uma misteriosa menina de cabelos acinzentados cantando sentada sobre uma torre tombada em ruínas.
Após ser
surpreendida pelos apaixonados olhares de Seto que num momento de
distração provocara um incidente, a menina corre para o subterrâneo de
uma estação de trem abandonada; mas infelizmente Seto não consegue
alcançá-la.
Equipado
com apenas uma lanterna, uma mochila e um pedaço de tronco de madeira,
Seto explora ambientes claustrofóbicos e hostis de tão fechados em meio a
sucessivas aparições fantasmagóricas.
Além de iluminar caminhos obscuros, a lanterna controlada pelo
“Wii-remote” também detecta espectros, mensagens ocultas através de
desenhos enigmáticos nas paredes e outros objetos em busca de pistas
sobre o paradeiro dos desaparecidos. Seria este o tão especulado fim do
mundo? Talvez.
Enquanto
o direcional analógico controla as andanças de Seto, o posicionamento e
a direção da luz emitida pela lanterna são controlados pelo sensor de
movimentos e o “pointer” do Wii-remote.
Com
o botão B pressionado, o ângulo de visão passa a ser em primeira pessoa
para que o jogador ilumine e observe os pontos minuciosos; como por
exemplo os desenhos e ideogramas feitos com giz nas paredes ou os pontos
luminosos do cenário que abrigam chaves, pacotes misteriosos e outros
segredos.
Quando alguma pista é detectada, o “Wii-remote” treme em suas mãos. Ao apertar o botão A, novos itens são encontrados ou um novo mistério é revelado.
Quando alguma pista é detectada, o “Wii-remote” treme em suas mãos. Ao apertar o botão A, novos itens são encontrados ou um novo mistério é revelado.
Ao
apertar cada um dos lados do direcional digital “D-PACK”, é mostrado o
diagnóstico de vida útil do protagonista Seto, um mapa geral do ambiente
explorado, o acesso interno a sua mochila para organizar um limite de
itens encontrados e um espaço reserva para guardar os itens
aparentemente desnecessários para outras ocasiões.
Para
desferir os ataques sequenciais com o pedaço do tronco de madeira
manuseado por Seto, basta apertar o botão A por repetidas vezes. Além de
troncos maiores, Seto faz de outros objetos como (troncos de madeira
maiores, machados, estilingue) suas novas armas para atacar os fenômenos
sobrenaturais.
Apertando
o botão C do controle auxiliar “Nunchuk” uma única vez, Seto agacha
para passar por debaixo de certos obstáculos em seu caminho. Apesar dos
controles serem relativamente precisos, algumas mecânicas na hora do
combate são truncadas e datadas. Infelizmente, algumas mecânicas bem
sucedidas reconhecidas por alguns clássicos na atual indústria dos games
parece ter sido ignorada pela equipe de desenvolvimento de Fragile
Dreams. Você sente falta de polimento na movimentação brusca do
personagem. Ao contrário da maioria dos jogos de aventura em terceira
pessoa e talvez para não prejudicar a precisão da luz emitida pela
lanterna controlada pelo “pointer” do “Wii-remote”, Seto nunca fica de
frente para a câmera do jogo, principalmente quando precisa fugir de
algum ataque inimigo. E não há nenhum tipo de defesa para bloquear os
ataques. Enfeitiçado por alguns diferenciais positivos do jogo,
provavelmente eu poderia ignorar algumas das deficiências na mecânica
dos controles, mas é impossível fechar os olhos para os problemas de
estrutura como forma de estender o tempo de jogo.
Em
um momento mais adiante, eu passei mais de 50 minutos perseguindo um
garoto pentelho em torno de um parque de diversões após o chato ter
roubado meu medalhão.
E
digamos que você tenha que voltar por aquele mesmo e longo caminho já
antes explorado para recuperar um item exigido por um guarda
fantasmagórico? Estas convenções são densas, arcaicas e lastimáveis.
Algumas
mudanças fundamentais só podem ser feitas quando Seto se senta diante
da fogueira. Caso você não encontre uma fogueira por perto após seu
tronco de madeira quebrar inesperadamente, você terá que lutar com a
arma quebrada; fator que contribui para que o combate leve uma
eternidade.
Em compensação, alguns recursos exclusivos do “Wii-remote” como o speaker - o auto falante foi executado com sabedoria.
Num determinado momento em que um espírito de uma criança fica invisível e
brinca de esconde-esconde, o jogador deve levar o controle remoto
próximo a orelha para escutar suas risadas em diversos volumes e
tonalidades, adivinhando a distância que este fantasma está, enquanto
caminha pelo cenário. É genial.
Alguns
objetos e pacotes misteriosos, que vão desde coleiras, conversas
telefônicas gravadas, garrafas de leite até fotos, são revelados através
da memória de seus donos quando o jogador faz com que Seto se sente
diante da fogueira. (característica também usada para salvar o jogo).
Tanto na dublagem quanto na elaboração dos textos, todas as
memórias descritas são comoventes e mexem com o lado emocional dos
jogadores. Embora o conceito do jogo publicado pela Namco Bandai seja
inteligente e intrigante do início ao fim, seu desenrolar são
dolorosamente lentos para jogadores ocidentais tão imediatistas, senão
impacientes.
Os elementos de RPG vão desde recuperação de armas até “upgrades” de energia vital.
Quando
Seto encontra nos escombros uma espécie de construção de metais
apelidado como “Personal Frame”, a voz doce que emite palavras de
aconselhamento através do auto falante do “Wii-remote” faz a ponte entre
a tela e seus sentidos; fazendo com o jogador mergulhe de corpo e alma
para dentro do universo sensível e emotivo de Fragile Dreams.
Direção Artística x Efeitos Visuais.
Qual
é a razão para classificar Fragile Dreams como um dos títulos mais
bonitos do Wii? Simples. Mais do que camadas de alta resolução para
tampar alguma textura mal acabada ou outra falha técnica, é
impressionante observar o cuidado e o bom gosto com que a equipe de
desenvolvimento Tri-Crescendo. (responsáveis por Baten Kaitos e Eternal
Sonata) trabalhou na impecável direção de arte por misturar os recursos
de duas diferentes técnicas visuais dentro da resolução SD e das possibilidades que o Wii
oferece.
Enquanto
os cenários gerados em tempo real são bem construídos e pintados por cores em tons pastéis (estações de trem
em ruínas repleta de destroços de alta tecnologia, hotéis assombrados,
enferrujados parques de diversões e laboratórios amaldiçoados), os objetos apresentam minuciosos detalhes, texturas
renderizadas e enferrujadas para dar um aspecto
semi realista.
Com destaque ao aspecto andrógeno de Seto, os personagens modelados em Cel-Shadded são autênticos, tão cheios de vida e
personalidade.
Duas horas de silêncio. Cinco horas, sete ou até quem sabe quase sempre.
O medo nem sempre é transmitido por gritos ou barulhos ensurdecedores senão o próprio silêncio.
Seus ouvidos serão surpreendidos por sutis dedilhadas nos acordes
sinistros de piano, ruídos assustadores, sussurros sobrenaturais também
emitidos pelo auto falante do “Wii-remote”.
Você
já se imaginou acordar numa manhã como em um dia qualquer e descobrir
que o mundo está desolado? Um dos maiores temores de hoje, a solidão –
parece ter sido o tema principal para desenvolver a premissa inquietante
e sensível do game. Além da sensação de isolamento visual, a falta
constante de músicas contribui para o incomodo de abandono. Todas as
poucas músicas inteiramente cantadas são tristes e compostas por
instrumentos clássicos na voz da cantora do gênero JPOP “Aoi Teshima”.
Os fãs de “animes – desenhos animados japoneses” roteirizados por
histórias dramáticas não só ficarão encantados pela atmosfera como pela
sonoridade de Fragile Dreams.
Certamente,
você não vai querer escutar as vozes da dublagem americana já que a publisher XSEED fez o trabalho louvável de incluir as vozes originais
japonesas com opção de legendas em Inglês.
Antes que o mundo se acabe de vez, apenas um último pedido...
Fragile
Dreams: Farewell Ruins of the Moon tem um conceito espetacular e uma
premissa diferente de todos os jogos feitos até hoje; porém a execução
poderia ser um pouco mais refinada a exemplo dos combates. A história é
cativante assim como o carisma de todos os personagens. A afetiva trilha
sonora composta por harmonias melancólicas, a impecável direção de arte
em exibir belos cenários com cada elemento gráfico no seu devido lugar e
os valores de produção conquistarão os aficionados por jogos japoneses.
De
longe, a atmosfera do jogo tem um clima similar ao gênero Survivor
Horror; mas com um toque de ingenuidade. É impressionante a maneira com
que a lanterna de Seto foi mapeada. No entanto, algumas convenções na
progressão do jogo são lentas e cansativas. Apesar da
simplicidade na mecânica ser adequada aos jogadores casuais experimentar
uma aventura com elementos de RPG, este não é um game para
ser apreciado por todo tipo de jogador.
Gráficos e Direção de arte: 9
Som e Efeitos sonoros: 9
Jogabilidade e Interatividade: 7
Diversão e Criatividade: 7
Movimentação e Fluência: 7
Desafio: 6
Longevidade: 7
Média: 8
Que análise incrível. Sou apaixonado por esse jogo!
ResponderExcluirQue análise incrível. Sou apaixonado por esse jogo!
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