quarta-feira, 5 de março de 2014

[Wii no Wii U] - SILENT HILL: SHATTERED MEMORIES. (Análise)

“Se deseja ter paz, melhor não desenterrar o Passado...”. 


Atenção! Para responder assinalando as alternativas deste confidencial documento, é necessário que o paciente seja sincero em todas as afirmações."

"Você se considera uma pessoa feliz?" 

"Faz amigos facilmente?"

"Além de seus familiares, você demonstra sentimentos por outras pessoas?"

"Tem sentido prazeres durante as relações sexuais?"

"Com que frequência, costuma digerir bebidas alcoólicas?"

"É usuário de alguma substância química?"

"Já fez uso de qualquer tipo de medicamento para tratamento psiquiátrico?"

"É a primeira vez que vem à Silent Hill?"

Se a resposta for negativa, esqueça de quase tudo o que viu desde 1999.


Como fugir de um pesadelo criado por você mesmo?
 
Ficha técnica
Plataforma: Wii
Produção: Climax Studios/ Konami.
Distribuição: Konami.
Lançamento nos EUA: 08 de Dezembro/ 2009.
 
A reimaginação de um dos maiores nomes dos jogos de horror psicológico já começa intrigante, quando um psiquiatra pede que você preencha um questionário pessoal, para que ele possa traçar o teu perfil. Após completar o questionário com alternativas de verdadeiro ou falso em frases do tipo “beber me faz relaxar”, e “sempre escuto os sentimentos das outras pessoas”, Dr. K lhe fará algumas perguntas oralmente.
 
Ao responder “sim” ou “não” como se os movimentos do Wiimote fossem os reais movimentos da cabeça, reze para que seu nível de sanidade não sofra as mesmas, alucinantes mudanças do novo clássico instantâneo que se adapta a sua própria personalidade. (!!!)
Representado pelo jogador em tratamento, o protagonista Harry Mason parece sofrer de amnésia; mesmo que vagarosamente se lembra que após acordar de um grave acidente de carro, ele percebe que sua filha Cheryl desapareceu misteriosamente.
Qual foi a verdadeira causa deste acidente? 
 
Quando durante as filmagens a graciosa Cheryl diz amar muito seu pai, por qual motivo a mesma cena se repete por três vezes seguidas?
 
Apesar de não reconhecer o local do acidente, Harry pode ter sido um dos moradores daquela desolada cidade conforme indica seu documento de identificação ou esta é a primeira vez que ele visita a macabra Silent Hill?
Ele deve acreditar em tudo que seu psiquiatra diz?
Conseguirá uma simples sessão de terapia, revelar o que de tão demoníaco conflitam as memórias de Harry Mason? Quem sabe. (...)

 
Corra o quanto quiser, mas não se esconda por muito tempo!
 

 Equipado de apenas uma lanterna e seu celular, Harry Mason deve procurar por sua filha desaparecida vasculhando lugares, roupas ou itens sempre atento aos cartazes com detalhes e mensagens um tanto quanto incomuns.


Já o seu celular que mais parece um iPhone de tantas funções, permite discar pra qualquer número de telefone, checar mensagens que lhe darão pistas e usar a câmera quando ativado com o botão (-) “menos” do Wiimote.
 
 
 Um exemplo de utilização da câmera aconteceu enquanto Harry andava por um playground. Como um dos balanços da gangorra pareceu estranho comparado ao resto do parquinho; ao tirar uma foto, reparou que na tela do celular apareceu a imagem de Cheryl
E isso ainda é só o começo...


Tensão sem prazo de validade.

Como acordar do reinício de seu pior pesadelo, quando não está dormindo?
Melhor nem dizer como, quando mal sabe se terá um final feliz. Apesar de a premissa ser bem familiar ao original lançado para o PlayStation 1. (console de estreia da Sony), em Silent Hill: Shattered Memories sua única arma é o medo que te mantém vivo.


Uma combinação entre fuga, exploração e mecânicas de perseguição não só permite que o jogador faça parte do puro e genuíno filme de terror imprevisível; como reinventa os conceitos da série dando sangue novo a alma do gênero Survivor Horror, por contrariar a velha fórmula protagonizada por personagens armados e super corajosos.

 Cada vez que o seu celular emitir uma estática mais forte ou ensurdecedora, indica que, a linha que separa o outro lado do Inferno gelado do nosso mundo que aparenta ser normal é tênue.



Já que desarmado, você não pode lutar contra as demoníacas aberrações; corra e se esconda em armários (temporariamente), manipule objetos e escolha sair pela porta correta, caso ainda queira fazer hora extra na terra.
Como se não bastasse serem guiadas por um senso de olfato, tais seres grotescos tentarão rotas alternativas para encurralar você. Uma das únicas ferramentas de sobrevivência e estratégia que pode inibi-los por alguns segundos é uma tocha de fogo improvisada.

 

Zelando pela qualidade da série.

Tecnicamente, a franquia Silent Hill sempre foi reconhecida por explorar as capacidades de hardware dos videogames da Sony. Estranho seria se a estreia no atual console de mesa da Nintendo fosse diferente.
Com extensas variações de interatividade e precisão, as funcionalidades do controle do Wii tal sensor de movimentos foram tão bem boladas e executadas com criatividade, que ficará impossível jogar Shattered Memories em outro console, cujas futuras versões foram lançadas no ano seguinte para o PS2 e PSP.


A lanterna foi mapeada ao Wiimote com perfeição e através de sutis movimentos de pulso, funciona independentemente das outras ações; até mesmo correndo freneticamente. Enquanto corre, você ainda pode olhar sobre a perspectiva do ombro para trás.
 
 
Em um quebra-cabeça, por exemplo: pegue uma lata de refrigerante, chacoalhe o Wiimote até ouvir pelo “speaker” do controle. Se houver alguma chave dentro dela, vire o controle de ponta cabeça até que o pequeno objeto cai sobre a superfície.


Ainda mais impecável e enlouquecedor são os gráficos desenvolvidos pela equipe do estúdio Climax. Quando os cenários ricos em detalhes minuciosos são iluminados pela lanterna, recriam luzes e sombras dinâmicas em diferentes camadas, nuances e reações. A sábia escolha de Mark Simmons – o diretor do estúdio em trocar o ambiente repleto de grades enferrujadas e paredes sangrentas por gelo estéril e neve, intensificou a linguagem narrativa na atmosfera do jogo e elevou o hardware do Wii adiante com incríveis efeitos de renderização, gelo refrativo que brilha com o facho de luz da lanterna e transparência múltipla quando as construções se deformam em tempo real para ilustrar a transição do mundo normal à gelada cidade infernal de Silent Hill.
 

Visualmente, o jogo não apenas é um dos mais belos títulos do Wii, mas também um dos mais cinematográficos em termos de animação dos personagens. De tão bem animadas que suas expressões faciais são, alguns deles, por mais inocentes que aparentam ser, provocam arrepios a exemplo da policial que Harry Mason interroga no restaurante.
 
 
 
Você ouviu isso?
 

De onde vem este choro de criança? De quais escombros vem este som? Independente de onde se ecoa o canto da assombração, a questão é que o resumo da ópera fúnebre pode ser definido em três palavras: visceral, doentio e paranoico. O som claustrofóbico de Shattered Memories que pega o jogador pela espinha dorsal, leva a assinatura do mesmo compositor que fez da original uma trilha sonora memorável: Akira Yamaoka. Mas, ao invés de músicas reprogramadas, as harmonias dramáticas e efeitos sonoros também interagem à performance do jogador.
 
 
As vozes perfeitamente dubladas as articulações, parecem dar vida própria a personalidade de cada personagem, incluindo o protagonista.
 
Apesar de o perfil psicológico permitir que as decisões tomadas pelo jogador afetem em mudanças ao longo do thriller e resultem em diferentes desfechos, Silent Hill: Shattered Memories será considerado como um jogo curto na visão de alguns puristas convencionais. Ainda assim, você não só ficará maravilhado com as possibilidades de imersão dos controles, mas quando finalmente descobrir a verdade sobre o desaparecimento da filha de Harry Mason.


Mesmo não sendo um tradicional jogo da série, a produtora Konami provou que ainda sabe como nos surpreender. Torço para que todos os elementos incrementados no jogo de terror psicológico mais completo da época sejam padronizados nos games das próximas gerações.
 
Gráficos: 10
Som e Efeitos sonoros: 10
 Controles e Interatividade: 10
Diversão: 9
Criatividade: 10
Movimentação e Fluência: 9
Desafios: 8
Longevidade: 8
Média. (produto final): 9

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